Poderia escrever uma série de teorias sobre a origem do trabalho, todas as visões marxistas e muitos mais, mas vou me ater a um ou dois parágrafos para não me alongar e poder introduzir e elucidar o foco deste texto.
A palavra trabalho deriva do latim “tripalium ou tripalus”, uma ferramenta de três pernas que imobilizava cavalos e bois para serem ferrados. Curiosamente era também o nome de um instrumento de tortura usado contra escravos e presos, que originou o verbo tripaliare cujo primeiro significado era "torturar".
http://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_(economia).
Os gregos e os latinos diferenciavam o trabalho criativo (dos artistas e elites) do trabalho braçal ou penoso (escravos). Trabalho criador = "Ergon" (grego) - "Opus“ (latim). Trabalho braçal = "Ponos" (grego) - "Labor" (latim). Nesse sentido insere-se também a antiga tradição bíblica do trabalho como castigo, ao condenar o homem comum expulso do paraíso (Adão) à labuta para ganhar o pão de cada dia. ("tu comerás o teu pão, no suor do teu rosto"), alterada pelo cristianismo, seguindo as palavras de Cristo que disse: "Meu Pai trabalha e Eu trabalho”.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_(economia).
O trabalho braçal esta sendo transferido para as máquinas. O homem está sendo levado para as atividades criativas. O que era trabalho no passado não existe e o que era diversão no passado está virando trabalho. Devemos trocar trabalho por ócio! Ócio criativo...
O trabalho da atualidade é regido por uma série de normas, leis, contratos, sindicatos, convenções que tiveram origem na Consolidação das leis trabalhistas – CLT. A terceirização é um advento que vem ganhando força a cada dia que passa e praticada em todos os segmentos industriais, esta modalidade trabalhista quebrou alguns paradigmas nas transações comerciais.
No passado o consumidor adquiria um produto do fabricante, hoje com a evolução das transações comerciais e com o advento da terceirização o consumidor adquire o produto de um fornecedor que adquiriu de um distribuidor que adquiriu de um fabricante que contratou uma ou várias empresas para fornecer suas matérias primas e os serviços (trabalhos) necessários para que este produto esteja disponível para o consumidor. Baseado neste pensamento chega-se a conclusão de que mudanças estão ocorrendo e novas mudanças estão chegando ainda com a inserção da tecnologia da informação massificada no dia a dia das pessoas e organizações.
...a demanda por homens, como por qualquer outra mercadoria, regula necessariamente a produção de homens. Adam Smith.
O melhor tipo de administração atualmente em uso pode ser definido como um sistema em que os trabalhadores dão seus melhores esforços e recebem estímulo especial de seus patrões. Frederick W. Taylor.
Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele. Henry Ford.
A visão do passado era de que o trabalho era focado no esforço humano então o controle e os procedimentos eram sempre voltados para que o máximo fosse obtido de cada posto de trabalho que era sempre composto por um trabalhador que deveria ser controlado e vigiado...
Se você faz algo de bom e tudo dá certo, acho que é hora de pensar em outra coisa e tentar adivinhar o que vem pela frente. Steve Jobs.
Somente as pessoas imaturas precisam de muito dinheiro para preencher bem seu tempo de folga. Domenico De Mais.
A visão do presente e do futuro é de que o trabalho deve ser levado ao mínimo esforço humano, a tecnologia deve resolver as questões técnicas, nem sempre obter o máximo cada posto de trabalho é vantagem e o trabalhador deve estar consciente de seu papel sem precisar ser vigiado...
O que estamos vivendo no presente e o que nos aponta o futuro é que estamos indo em direção a “libertação” do homem com relação ao antigo paradigma de trabalho e sacrifício e muitas pessoas da atualidade atribuem ao seu trabalho as maiores alegrias vivenciadas e outras nem tanto, portanto devemos observar aonde chegaremos com atenção.
Para responder a esta pergunta, outras perguntas devem ser feitas e respondidas antes:
· Qual a expectativa de vida em anos de uma pessoa? Quantos anos da vida uma pessoa trabalha? Quanto de nossa vida é utilizado entre sono, trabalho e tempo livre?
Com certo espanto penso que o quadro abaixo consegue responder a esta questões:
Época | Anos Expectativa de vida | Anos de Vida ativa para o trabalho | % sono na vida | % de trabalho na vida | % tempo livre na vida |
Passado - entre 1700 e 1950 | 35,00 | 20,00 | 33,33 | 22,86 | 43,81 |
Presente - entre 1950 e 2030 | 74,00 | 30,00 | 29,17 | 9,08 | 61,75 |
Futuro - entre 2030 e 2100 | 85,00 | 35,00 | 25,00 | 5,72 | 69,28 |
Expectativa de vida em 2012 no Brasil - 74anos
fonte:Banco Mundial - data.worldbank.org
No passado um trabalhador médio dormia aproximadamente 8 horas, trabalhava aproximadamente 12, horas diárias e o restante, 4 horas, era o que sobrava de tempo livre ou 16,67% de um dia e acrescentando os anos fora do trabalho por incapacidade física chegamos a 43,81% de tempo livre na vida.
No presente um trabalhador médio dorme aproximadamente 7 horas, trabalha aproximadamente 8, horas diárias e o restante, 9 horas, é o que sobra de tempo livre ou 37,50% de um dia e acrescentando os anos fora do trabalho por “aposentadoria” chegamos a 61,75% de tempo livre na vida.
No futuro um trabalhador médio dormirá aproximadamente 6 horas, trabalhará aproximadamente 6, horas diárias e o restante, 12 horas, é o que sobrará de tempo livre ou 50,00% de um dia e acrescentando os anos fora do trabalho por “aposentadoria” chegamos a 69,28% de tempo livre na vida.
Entendo que estes 37,50% de “liberdade” do presente e os 50,00% de “liberdade”, possíveis no futuro não levam em consideração que nos deslocamos distâncias cada vez maiores para ir de casa para o trabalho e vice versa, atividades paralelas, jornada dupla de trabalho entre outras.
Outro ponto importante a observar é que muitas pessoas ao ler este texto olharão incrédulos ao se comparar com sua realidade, mas o fato real é que o trabalho formal em que o trabalhador precisa cumprir jornada rígida está em processo de mudança.
A verdadeira realidade é que vemos segmentos mais desenvolvidos tecnologicamente e outros nem tanto e a questão das relações trabalhistas com “carteira de trabalho assinada” vem diminuindo sendo substituídas por trabalhos informais, empreendedores e outras modalidades que podem surgir e que nas estatísticas formais são consideradas como índice de desemprego distorcendo dados levando a decisões equivocadas se os números forem vistos sem ser interpretados corretamente.
A intenção de abordar este tema é que cada vez mais as tecnologias estão se inserindo no dia a dia das pessoas e das organizações, as pessoas são envolvidas diretamente nestas mudanças gerando uma visão equivocada de que o trabalho está acabando em nossas vidas e o futuro com suas tecnologias irão “resolver” todos os problemas da humanidade. O fato é que existem muitos segmentos industriais que ainda demandam grandes volumes de mão de obra (pessoas) e que ainda estamos longe do ideal de desenvolvimento tecnológicos a ponto de absorver todo o trabalho braçal.
No passado alguém disse erroneamente que a fábrica do futuro será composta de apenas dois colaboradores: “Um homem e um cachorro, o homem para alimentar o cachorro e o cachorro para vigiar as máquinas garantindo que ninguém as toque para que a produção não pare.”. Será??
Até a próxima Edilson Antônio Bordignon.
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